sábado, 31 de julho de 2010

Entre a alma e o 25° Andar

E enfim eu morri, morri no abraço que não dei, na palavra amiga que não falei, no beijo esperado que não provei. Morri como flores no inverno, e assim nasceu um alguém que não agrada ninguém, só o ego infinito em mim.

Matei as flores e as cartas, matei quem eu cativei, matei os sonhos e tudo que foi belo, fiz isso para evitar a dor, fiz para ser forte, mas quem disse que força é sinal de felicidade? Deveriam ter avisado antes que tudo estivesse morto e nem tanto enterrado. Eu matei quem fui e quem amei, agora eu sou o tudo de nada, o que não agrada. Sou parte da estrada sem fim, sem final feliz. Sou um monte de roxas que ainda chora, sou o silêncio das notas que cessaram em luto do que fui um dia.

Deveriam ter avisado antes do suspiro final que eu nem era tão ruim assim, deveriam ter avisado que gostavam de mim, antes que eu matasse tudo que eu fui.

Pedra não abraça, gelo não respira, aço tem um gosto ruim para beijar, minha alma pulou do 25° andar. Morri para a eternidade, acordei para o infinito mortal e sem coração.

Deveriam ter avisado antes que eu fechasse os olhos e pulasse para o infinito, que fortes também choram a noite sem ninguém para abraçar.

Um comentário:

  1. Talvez, se eu falar, você não acredite, pois isto que vou dizer já virou clichê entre blogs.
    Mas seria injusto não dizer: seu texto fala muito por mim, em determinadas partes. Eu faço tudo errado, já assassinei corações, mesmo sendo tão passional.
    Seu texto até me fez lembrar do poema do qual mais gosto: Tabacaria, do Álvaro de Campos. Outro texto que fala por mim.
    Adorei, muito poético.

    Beijos.

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Desde já agradeço os comentários... Toda opinião aqui é bem vinda.

Beijos.